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A aplicabilidade do saber é um lugar-comum do
discurso pedagógico contemporâneo, ocupando espaço nos mais diversos métodos de ensinos
propostos pelos teóricos atuais. Noutras palavras, não caberia ao aluno apenas
memorizar informações ou noções do conhecimento mas aplicá-los em situações ou
problemas que venha a enfrentar, inclusive fora da sala de aula.
Na prática, todavia, nossa metodologia ainda se choca com
uma tradição de aprendizagem que demonstra que a aplicabilidade do saber não é
uma etapa constante das sequências didáticas planejadas e executadas por muitos
professores. Isso pode ser confirmado a partir da aplicação de atividades
avaliativas em que se requer dos alunos que utilizem o saber supostamente
aprendido em novas situações. É o caso tão bem conhecido do aluno que, uma vez
tendo aprendido a resolver problemas simples de matemática com laranjas, defrontado com uma
prova em que uma questão semelhante se referia a maçãs, não conseguiu realizar
os cálculos. Os alunos, aliás, resistem veementemente a esse tipo de atividade avaliativa que apresenta problemas novos a serem interpretados ou resolvidos a partir do que foi aprendido.
Esse fato é esclarecedor do quanto o ensino no Brasil parece
ter evoluído muito pouco ou quase nada em alguns aspectos. Sabemos de muitos
professores que ainda investem em tópicos para memorização pelos alunos para
uma posterior reprodução do que foi memorizado nos testes avaliativos. Alguém
poderia até argumentar que o simples fato de se falar em provas ou testes é
sinal de que não houve evolução. Entretanto, quando nada mais há que sirva de
estímulo para que os alunos voluntariamente se envolvam nas atividades
escolares, o recurso à prova aparece como elemento de cobrança de resultados do
sistema educativo diante dos alunos, dado o seu relativo sucesso em se verificar determinadas
aprendizagens. O abandono total ou parcial da prova só faz sentido em contextos
em que os projetos, as atividades coletivas em geral, e determinado tipo
dinâmico de aula conta com a disposição do aluno em aprender, o que não é o
caso da condição da clientela das escolas públicas do país, para a qual
aprender adquiriu a conotação definitiva de castigo.
Somando-se a isso a exigência dos sistemas oficiais de ensino
por resultados numéricos imediatos fica explicado porque muitos parecem
recorrer a métodos de ensino e avaliação em que fica mais fácil fazer emergir
algum tipo de resultado, ainda que superficial, como é o exemplo do recurso à memorização dos alunos
para responderem questões simples, que não envolvam qualquer tipo de
aplicabilidade.
Pra quem acha que ensinar vai um pouco além disso resta se
chocar e indignar-se com os resultados práticos e numéricos e, como é o meu
caso, se convencer de que em vez de, por exemplo, ensinar filosofia prática para os alunos e
pedir que em atividades avaliativas ou situações prática reais se posicionem em relação a determinadas
condutas morais, a partir de uma compreensão da ética discutida em sala de
aula, que apenas memorizem o que é ética e o que é moral para reproduzirem o
que foi decorado abaixo das questões solicitadas. Deixo claro, entretanto, que
ainda não entreguei os pontos.
Lembre, Feio: faça sua parte. E torça pra que dê certo.
ResponderExcluirFrustração, Gomez, muita frustração. Mas é enfrentar mesmo, fazer a nossa parte.
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