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Basta! Estou cansado! Se houver alternativas disponíveis
estou disposto a desistir de ser professor – este é um pensamento que sem
dúvida toma de assalto qualquer professor de vez em quando.
A profissão de docente de escola pública parece menos
atraente a cada dia. Se o salário não agrada a muita gente as condições em que
o exercício da profissão se realiza são o golpe de misericórdia.
Não obstante tudo isso um dos elementos que mais me motiva a
lecionar é a segurança de que estou fazendo algo que pelo menos agrada ao
público, aos estudantes, a despeito da indiferença deles na maioria do tempo.
Podem não valorizar o estudo mas consideram que estamos fazendo o bastante por
eles. Entretanto, quando nos passam a ver puramente como antipáticos, inimigos,
insolentes e chatos, e a isso acrescentam a responsabilidade por não aprenderem
ou não gostarem de aprender – aí a coisa chega a um ponto em que não adianta
insistir e ir em frente, de forma alegre e otimista, fazendo das fraquezas
forças e ignorando o poder dos ardis que prendem nossos alunos à ignorância e
ao fracasso dela resultante.
Ensinar hoje em escola pública é vender carne a vegetarianos
que passam a se irritar com o açougueiro pelo produto que este vende. Reiteradamente
tenho refletido aqui sobre os condicionantes de várias ordens que contribuem
para o perfil do aluno de hoje, o que nos impede de vê-los apenas como vilões na
história, mas acredito que algo pode ser feito no sentido de alterar um pouco
essa configuração, chamando-os mais à atenção sobre o valor da educação ainda
que, sobretudo considerando a menoridade deles, utilizando de métodos que levem
em conta a incapacidade deles para decidirem sobre o que lhes será útil para a
vida.
A ideia do ensino fundamentado simplesmente no caráter
bidirecional da aprendizagem, em que o papel de um professor que gerencia
processos de aprendizagem é considerado inovador, senão definidor mesmo da
aprendizagem, só faz sentido se considerarmos a existência de um público afeito
ao ato de aprender. Longe de se ensinar alguém compulsoriamente, defendo a
partir de então um ensino que demonstre ao aluno e à sua família os resultados
da negação do conhecimento, pois enquanto a escola premiar a aversão do aluno
pelo saber com a aprovação automática este estado de coisas não se alterará,
senão para pior. É surpreendente como mesmo as instituições de ensino superior,
sobretudo as particulares, cederam a esse tipo de aprovação cujos resultados
práticos são do conhecimento de todos os usufrutuários dos serviços ofertados
através de profissionais mal formados.
A sugestão pode parecer extremada, mas é resultado da decepção
do momento. A questão é que algo precisa ser feito e se depender das instâncias
superiores responsáveis pela educação das massas a aprovação compulsória se expandirá
em prejuízo da instituição de práticas de aprendizagem significativas. Caberá a
nós, então, restritos aos espaços escolares, revolucionar a aprendizagem com
métodos convenientes, o que não se trata de remilitarizar a escola ou
imprimir-lhe caracteres prisionais, mas confrontar alunos e pais com as
consequências da má formação numa sociedade dita da informação e do
conhecimento.
A situação está mesmo absurdamente feia. Não conseguimos mostrar para os nossos alunos a armadilha montada por um sistema podre e corrupto mas que se beneficia da ignorância de seu povo. Essa educação de faz de conta, a educação integral que só desintegra e aliena longe de libertar torna as pessoas cada vez mais vítimas de tutores bem intencionados que só olham pro próprio bolso. E uma pena. Da forma que as coisas estão ocorrendo veremos cada vez mais bolsas e mais bolsas para garantir que os atuais e futuros adultos possam comprar seus statos mesmo que minimamente.
ResponderExcluirsou solidário a sua angústia companheiro.
Valeu, Vandervaldo!
ExcluirConcordo contigo. Sinto-me extremamente cansada também e encarar mais um bimestre será um martírio, mas vamos que vamos. Eu sempre dou o meu melhor, mas infelizmente estou esgotada.
ResponderExcluirwww.divaparaprofessores.blogspot.com.br
infelizmente a situação dos colégios públicos estão piores do que penitenciária ;e os professores são réfens de delinquentes juvenis....
ExcluirDeus, como tambem me vejo cansada. MEsmo fazendo de tudo, mesmo me reinventando...na sala de aula estou cansada demais..mesmo sendo no infantil, geração carente, mimimi,Brasil que acaba com a propria educação. Não tenho nem palavras, só cansei
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