segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Corre, que lá vem aula!

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Hoje é mais uma noite daquelas que terminam tensas e raivosas. Percebe-se a cada dia que os alunos de hoje não estão pra aulas, pelo menos não para as aulas convencionais, onde o professor esforça-se ao máximo para apresentar-lhes um saber necessário à formação de uma massa inculta e alheia ao seu entorno, na maior parte das vezes.

A própria menção a “aulas convencionais” pode ser motivo para que alguns “progressistas” já vejam aí o motivo para o desinteresse dos alunos. De fato, virou lugar-comum afirmar que precisamos partir das necessidades do aluno, do seu contexto imediato, para que o ensino faça sentido, ou coisas do gênero. Confesso que isso é válido para uma grande maioria de alunos que, por outro lado, nunca vai lhe acompanhar para além desse “contexto ou necessidades imediatas”. Na medida em que a discussão sobre o saber avança para uma elaboração mais generalizada ou abrangente – e essa é uma característica do saber – o navio que é a sala de aula naufraga com o capitão e todos os tripulantes, quando não ocorre de o capitão ser abandonado sozinho no navio, como ocorre sempre que se vislumbra numa determinada discussão prévia sobre um assunto qualquer, vinculado à realidade imediata do aluno, aquela roupagem ou semelhança de aula convencional.

Essa discussão inicial sobre o assunto, vinculada à realidade imediata do aluno, poderia iniciar-se, pelo que percebo, pelos namoricos do último fim de semana, o capítulo da novela, o trabalho doméstico, questões políticas de ordem, tragédias cotidianas, e muitas outras situações – ou seja, material não faltaria! (O progressista poderá continuar questionando se essas situações não podem, sim, ser aproveitadas pelo professor). O problema seria na hora mesma de ultrapassar esse momento prévio para se dirigir a um momento posterior da discussão, aquele que envolve a conceituação, a argumentação com elementos novos em torno de questões ou situações que fogem ao imediatismo do aluno, como problemas políticos, sociais, econômicos ou culturais mais abrangentes ou ainda aqueles sem valor aparente, como muitas discussões filosóficas ou problemas matemáticos, por exemplo.

Noutras palavras: a aula convencional, com o saber convencional, não faz sentido pra maioria de nossos alunos. Esta é a nossa angústia e frustração. Considerando que uma aula que não privilegie os clássicos da cultura universal ocorra da melhor forma nas ditas aulas convencionais, só nos resta reproduzir os quiz sobre personagens ou eventos famosos, sobretudo relacionados às telenovelas, ou outras situações que interessem aos nossos alunos que não estão nem aí para o conhecimento elaborado por gerações que nos antecederam.

Lamentável!

O que fazer? Vamos tentar pensar em alguma coisa...

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